“Seja em um filme ou no e-Learning, há um público que precisa entender a história, torcer e se envolver com o conteúdo. Entender bem o que é roteiro é o primeiro passo para escrever bons trabalhos. Conhecer bem o que está fazendo ajuda o profissional a buscar a excelência.”
Para muitas pessoas, um roteiro é a tradução das imagens de um vídeo ou filme em palavras. É descrever os cenários, as cenas, as ações, as falas dos personagens de maneira correta. De fato, no roteiro só existem palavras e dessas palavras nascerão o produto audiovisual. Mas, para se desenvolver qualquer trabalho, é preciso entender muito bem o que e para que se está fazendo. Sem essa noção completa e bem clara, a realização do trabalho fica perdida, solta e não vai trazer nenhum resultado. Por mais palavras que tenha um roteiro, elas são o menos importante: roteiro é bem diferente de literatura e é muito mais do que uma boa escrita.
Uma das definições da palavra roteiro no dicionário Aurélio é Esquema do que deve ser abordado, estudado, etc. Em espanhol, roteiro é chamado de Guión, que pode ser traduzido para guia. Partindo desse principio podemos entender que roteiro é uma orientação, um guia e esquema das situações, cenas, ações e decisões do personagem numa história. É material que vai apontar qual situação deve vir primeiro, qual deve vir depois, como e onde o personagem deve agir e por aí vai.
Seja em um filme ou em um produto de comunicação, como o e-Learning por exemplo, há um público que precisa entender a história, torcer e se envolver com o conteúdo. E para que o público entenda e se envolva, as cenas e situações precisam ser apresentadas de maneira correta, na hora certa, criando expectativa, provocando choro, risos. Com certeza já aconteceu com você, ao assistir à um filme, sacar quem é o assassino antes do final. Ou durante um curso, perceber que uma informação não foi passada na hora certa, e assim uma dúvida se cria e exige voltar para rever um item. Quando coisas assim acontecem, você pensa, “Puxa vida, esse roteiro tem uma falha…”. E também podemos afirmar que você jamais pensou se o roteirista soube descrever a cena com maestria. Você somente enxerga que a cena reveladora estava no lugar errado…
O mais importante é colocar cada coisa no lugar certo, pensada de maneira correta, criando o esquema ou guia exato para levar o público até o final da história. Uma outra confusão feita por quem elabora roteiros é pensar que o texto corrido escrito pensando num narrador ou tutor seja “propriamente” o roteiro: definitivamente, um texto corrido não é roteiro. Para virar um roteiro, esse texto tem ser dividido em cenas, em situações, cada uma acrescentando um pouco mais na história e conduzindo o público pela narrativa.
É o roteirista que decide a hora do público se emocionar, a hora que a bomba vai explodir, a hora que o casal vai dar o primeiro beijo. É o roteirista que vai decidir quando uma informação será apresentada ou em que momento uma situação nova aparecerá. E cada uma dessas decisões estão contidas no roteiro.
Obviamente, você não pode se descuidar da escrita, especialmente para não escrever errado, nem colocar palavras que não sejam importantes para o entendimento da história. Pense que o mais importante é saber a ordem das situações e cenas. Pense que você está elaborando um guia que vai conduzir o público para o objetivo no final da história. No próximo artigo, destacaremos a importância de um bom roteiro
Bruno R. Módolo é roteirista e sócio da Garoa Fina, um estúdio dedicado ao desenvolvimento de roteiros e histórias para TV, Cinema e Publicidade. Entre os principais trabalhos da empresa estão o documentário Rompendo o Silêncio, com o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, o reality show Menina Fantástica para a TV Globo e o roteiro de animação Back Home, selecionado para o 13 Laboratório Internacional de Roteiros SESC Rio.