Quando se fala em e-Learning, é comum imaginar a cena de um aluno assistindo uma vídeo aula (ao vivo ou gravada) sendo ministrada por alguém do outro lado da tela de um computador, tablet ou celular. Neste tipo de situação, na maioria das vezes o professor/instrutor de treinamento é o protagonista da ação, e o aluno assume um papel mais passivo, apenas como ouvinte, tentando assimilar o conteúdo transmitido. Se a aula é ao vivo, dependendo do talento e sagacidade do professor/instrutor, a interatividade ocorre, ainda que de forma tímida, na maioria das situações.
A passividade do educando em estratégias educacionais digitais pode ser classificada como uma das grandes vilãs do engajamento e efetividade nos treinamentos. Como diz o psicólogo, pesquisador e pedagogo americano, William Glasser, em sua pirâmide de aprendizagem, a absorção do conhecimento aumenta a partir do momento que os conceitos são compartilhados e, principalmente, a prática e experimentação é promovida nas ações educacionais.
Em outras palavras, um conteúdo de qualidade sozinho não será capaz de garantir a efetividade. É preciso incentivar a prática, e colocar o aluno como protagonista no processo.
EAD Corporativo e seu perfil auto instrucional
As ações de ensino digital possuem características distintas de acordo com cada contexto. No mundo acadêmico, até por conta de toda a estrutura de professores e docentes, os alunos acabam vivenciando uma experiência de ensino-aprendizagem em que são mais desafiados a compartilhar e aplicar os conceitos assimilados em aula, realizando atividades como a participação em fóruns de discussão e trabalhos acadêmicos. Nesse contexto, a figura do tutor é fundamental para conduzir e apoiar a jornada de aprendizagem.
Quando olhamos para o mundo corporativo, percebemos uma experiência de aprendizagem mais auto instrucional, isso significa que o conteúdo online, por si só, tem o papel de transmitir todo o conhecimento de forma autossuficiente e interativa. É por este motivo que é mais comum vermos a presença de avatares, personagens, ilustrações e exercícios interativos nos conteúdos online corporativos do que nos acadêmicos. Essas metodologias buscam oferecer uma experiência mais agradável para o treinando, pois, em um contexto auto instrucional, o conteúdo deve ser autoexplicativo por si só, ou seja, na grande maioria das empresas não há como disponibilizar um professor ou tutor para apoiar cada ação de aprendizagem digital.
O contexto auto instrucional do e-Learning corporativo traz um desafio de engajamento para as organizações, que acabam investindo em conteúdos e plataformas de aprendizagem buscando um retorno de performance do seu time. Ocorre que, por mais que os conteúdos online sejam interativos e pedagogicamente bem construídos, é preciso promover a prática e o compartilhamento de conhecimento para aumentar a absorção e internalização dos conceitos nas ações do dia a dia.
E-Learning 80/20: um novo viés de interatividade para a educação corporativa
O conceito e-Learning 80/20 tem como objetivo mudar a cultura da aprendizagem digital nas organizações, ou seja, 80% de absorção vêm da prática e 20% dos conteúdos. É hora de aliar a qualidade dos conteúdos autoinstrucionais, com metodologias ativas que desafiem o aluno a colocar os conhecimentos em prática e compartilhar as suas vivências.
Vamos a alguns exemplos do E-Learning 80/20 na prática:
– Compartilhamento de vivências: Imagine um processo de Onbording virtual, onde o aluno deve ser desafiado a postar na plataforma de aprendizagem como foi a sua primeira reunião com o time, ou qual foi a sua leitura sobre a missão e os valores da organização no primeiro mês.
– Desafios culturais de aprendizagem: Podemos pensar também em promover um concurso cultural onde os vendedores devem postar os melhores cases de venda baseados na metodologia aprendida em um dos cursos disponíveis na universidade digital da empresa.
– Games de resultados de aprendizagem: As competições entre equipes também podem se basear em métricas de resultados. Após um treinamento de encantamento de clientes, por exemplo, podemos premiar na plataforma digital a equipe com melhor NPS (métrica de satisfação de cliente). A gamificação nesse caso funciona como combustível para colocar a aprendizagem na prática.
Enfim, as possibilidades são muitas, e a missão do e-Learning 80/20 é trazer mais protagonismo aos treinandos digitais no mundo corporativo.
Sua empresa está preparada para essa mudança de chave?!
Felipe Cabral Santana
Especialista em Design Educacional | WIRE Edtech Solutions
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