Criatividade no Design Educacional: “e se…” (parte 2)
Como diz o autor Roger Von Oech, perguntar “e se…” é um modo fácil de fazer a imaginação deslanchar, além de nos dar liberdade de pensar em algo diferente. Foi com um “E Se” que Einstein desenvolveu os primeiros conceitos sobre a teoria da relatividade, e pode ser com o “e se” que a sua melhor ideia no e-Learning irá começar!
Neste post, quero compartilhar a utilização do termo “E Se…”, que corresponde a quarta dica (Seja Prático) sobre bloqueios mentais do autor de um “Toc na Cuca”. Roger Von Oech cita que, além de divertido, o “e se” nos dá liberdade de pensar em algo diferente, pois na fase germinativa das ideias “vale tudo”. Mas quando vamos “investir na ideia”, aí deve ser observada a sua praticidade. Acompanhe este caso da área de e-Learning:
Certa vez, fui convidado a realizar o “redesign” de um curso on-line para uma grande indústria automobilística, sobre o tema “Seguro”. O curso que eu estava lidando havia sido desenvolvido no seguinte formato: auto-instrucional em flash, possuía um personagem ilustrado que oferecia dicas e ressaltava pontos importantes do conteúdo, outro personagem que fazia o papel de cliente, alguns exercícios intermediários e um teste final com 10 questões. Bom, talvez o que eu diga “bata” exatamente com o que você está pensando: a abordagem não trazia motivação “suficiente” para um curso auto-instrucional.
O “redesign educacional” para este projeto foi solicitado exatamente para uma mudança da abordagem desta narrativa: o cliente esperava algo mais envolvente, um tema mais interativo, com tom de humor e que trouxesse novos significados para “Seguro”. Diante desta solicitação, convoquei a equipe de DIs para um momento de processo criativo (chamávamos estas reuniões de “Minuto DI”). Enquanto trazíamos a tona metáforas que trariam maiores significados para seguro, um colega DI comentou: “e se….fizéssemos algo como uma corrida maluca?”. É claro que os colegas que não estavam em sintonia naquele momento, disseram: – Mas isto não tem “nada a ver” com seguro, não dá. No entanto, eu vi neste “e se” do meu colega uma ideia original, e convidei o pessoal a explorar um pouco mais este tema.
Foi quando chegamos num ponto comum: a ideia seria trabalhar o curso de Seguro como se fosse um Rally de Automóveis, onde o piloto principal seria o representante da Indústria Automobilística. As equipes concorrentes seriam os principais “sinistros” de um seguro de carro: o que representaria o sinistro “Incêndio” chamaria Equipe Fogo na Lata; “batida” chamaria “Equipe Pancadão”; e o que representava “Roubo” se chamaria “Equipe Olha o Gato”. Tudo isto foi representado pelos traços e cores de um competente Ilustrador que atuava em nossa equipe!
Nos exercícios de fixação que encerravam os capítulos deste curso, quando o aluno tinha êxito, ele era convidado a “apertar um botão” no painel do carro do piloto chamado “Seguro”, que o livrava de algumas trapaças das “equipes sinistras”. Não lembra bem a famosa corrida maluca de Hanna Barbera?
Como vimos, muitas vezes, a ideia obtida no “e se…” não é prática (corrida maluca), mas oferece um ponto de apoio para pensar em outras ideias. Os pontos de apoio, como citado por Roger, “não existem para serem postos em prática, mas para fazer o pensamento deslanchar”. Observe outras dicas do autor de “Um Toc na Cuca”:
- é muito pouco provável que uma determinada pergunta “e se” resulte de imediato em uma ideia prática e criativa. Logo, é preciso criar várias perguntas “e se…”;
- fomos treinados para responder as ideias inusitadas “não dá” em vez de “epa, que interessante”;
- ser prático é importante no mundo da ação, mas praticidade só não basta para gerar novas ideias;
- cultive a imaginação!
Nos próximos artigos da série “Criatividade no Design Educacional”, trarei mais sugestões associadas as ideias do autor de “Um Toc na Cuca”. Até lá, deixo o convite para você pensar neste projeto que está envolvido agora: “e se…”